Dia Internacional Contra a Discriminação Racial

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21 de Março – Dia Internacional Contra a Discriminação Racial

É no mínimo inocente falar de métodos para erradicar o racismo no Brasil sem entender o contexto histórico de uso do racismo como base estrutural de poder socioeconômico e político. Preto é feio. Escuridão são trevas. Tradições são cultos ao diabo… todas estas e outras incursões inseridas no subconsciente do escravizado e colonizador perduram até hoje. O Racismo é uma das técnicas mais antigas e eficazes de detenção, manutenção de poder e status quo.
Diferentes formas de escravidão foram embutidas e se mantêm até os dias de hoje em nosso extrato social.
A população negra no Brasil sofre com a falta de apoio e estrutura em todas as frentes: educacional, saúde, empreendedorismo, inovação e tecnologia. O plano de embranquecimento e “higienizacao” social mantém-se ativo e diário com o genocídio da população negra.

“1) A Escravidão lançou as bases do sistema econômico internacional moderno.
A infraestrutura maciça necessária para transportar entre 8 a 10 milhões de africanos através de oceanos, de um lado do mundo para o outro lado do mundo literalmente gerou cidades inteiras na Inglaterra (como Liverpool e Manchester) e na França ( Bordeux, por exemplo). Ele foi fundamental para a emergência de Londres como capital mundial do comércio, e para estimular o crescimento de Nova York como um centro de finanças. A indústria de construção,manutenção e reparos, financiamento, preparação de pessoal, e a tarefa administrar os milhares de navios que fizeram cerca de 50.000 viagens individuais era por si só um conjunto de tarefas hercúleas. As redes financeiras internacionais necessárias para coordenar, manter e distribuir os lucros obtidos com a escravidão definiram o modelo economico vigente hoje em dia na economia global.

2) As habilidades econômicas dos africanos foram também razão para sua escravização.
Os africanos possuíam algumas experiências únicas que os europeus não dominavam. Os africanos sabiam como praticar o cultivo agrícola em climas tropicais e semi-tropicais. Produtores de arroz africanos, por exemplo, foram capturados a fim de trazer seu conhecimento agrícola para a América Antilhana. Muitas civilizações do Oeste Africano possuíam ourives e metalúrgicos especialistas em obras e construçoes de grande escala e foram decisivos para o sucesso dos empreendimentos coloniais. Escravos mestres nessas tecnologias foram usados para trabalhar, por exemplo, nas “Minas Gerais”.

3) O “know-how” africano transformou as economias escravistas em alguns dos países mais ricos do planeta.Os frutos do tráfico de escravos financiaram o crescimento de impérios globais.
4) As denúncias de que o exército brasileiro que lutou na guerra do Paraguai (1864-1870) era formado por escravos não são novas. Seus primeiros autores foram os redatores dos jornais paraguaios da época. Tratavam de menosprezar o exército brasileiro com base no duvidoso argumento de que, por ser formados por negros, deveria ser de qualidade inferior. Mais recentemente, diversos autores tentaram ressuscitar o argumento de que o exército brasileiro era formado por negros escravos alistados compulsoriamente. Soldados negros, ex-escravos ou não, lutaram em pelo menos três dos quatro exércitos dos países envolvidos.
Os exércitos paraguaio, brasileiro e uruguaio tinham batalhões formados exclusivamente por negros. Como exemplos, temos o Corpo dos Zuavos da Bahia e o batalhão uruguaio Florida. Além do que, foi difundido pelo “governo” que todos os negros que fossem lutar na guerra, ao retornar receberiam a liberdade e os já livres receberiam terra.Uma promessa que nunca foi cumprida.
Outro aspecto envolvido na questão é que quando chegava a convocação para o filho do fazendeiro, ele o escondia e no lugar do filho enviava de cinco a dez negros. Antes da guerra do Paraguai, a população negra do Brasil girava em torno de 2 milhões e 500 mil pessoas, ou seja, 45% do total da população brasileira. Depois da guerra esse número caiu para cerca de 1 milhão e 500 mil pessoas,ou seja, cerca de 15% do total da população brasileira.

5) A brutalidade e a tortura psicológica de escravos era uma ferramenta utilizada pelo sistema para para garantir que as plantações como unidades de geração de lucros mantivesse bons níveis de produção e de retorno financeiro aos investidores. Revoltas de escravos e atos de sabotagem eram relativamente comuns. Como empresas econômicas, a interrupção da produção afetava negativamente os negócios. Ao longo do tempo um sistema organizado de opressão foi institucionalizado para manter as coisas nos eixos . A torura pública era um meio eficaz de evidenciar o destino reservado aos escravos mais recalcitrantes e aos negros rebeldes. Foi assim que o Pelourinho ganhou notoriedade.
6) A preocupação pelo destino do escravo se mantivera em foco enquanto se ligou a ele o futuro da lavoura. Ela aparece nos vários projetos que visaram regular, legalmente, a transição do trabalho escravo para o trabalho livre, desde 1823 até a assinatura da Lei Áurea. Com a Abolição pura e simples, porém, a atenção dos senhores se volta especialmente para seus próprios interesses. A posição do negro no sistema de trabalho e sua integração à ordem social deixam de ser matéria política.
7) O Morro da Favela (atual Providência), que aparece na referida novela foi o primeiro destino de negros no pós-abolição carioca. Após a Lei Áurea, os negros libertos foram buscar moradia em regiões precárias e afastadas dos bairros centrais das cidades. Uma grande reforma urbana no Rio de Janeiro, em 1904, expulsou as populações pobres para os morros.

8) O 2º ATO OFICIAL: LEI COMPLEMENTAR À CONSTITUIÇÃO DO IMPÉRIO DE 1824 – Esse texto complementar proibia os negros (e os leprosos) de frequentar escolas, pois eram considerados “doentes e portadores de moléstias contagiosas.”Os poderosos do Brasil sabiam que o acesso ao saber sempre foi uma alavanca de ascensão social, econômica e política de um povo. Com este decreto, os racistas do Brasil encurralaram a população negra nos porões da sociedade. Juridicamente este decreto agiu até 1889, com a proclamação da República. Na prática a intenção do decreto funciona até hoje. Por exemplo: por que as escolas das periferias não têm, por parte do governo, o mesmo tratamento qualitativo igual ao das escolas das cidades? Como é que uma pessoa afrodescendente favelada terá motivação para estudar numa escola de péssima qualidade? O desejo de manter a opressão econômica sobre as populações afrodescendente é a realidade crua da sociedade brasileira.

9) O 3º ATO OFICIAL: LEI DE TERRAS DE 1850, N.º 60 – Quase todo o litoral brasileiro estava povoado por QUILOMBOS. O sistema, percebendo o crescimento do poder econômico do negro e que os brancos do interior estavam perdendo a valiosa mão -de- obra para sua produção, decreta a LEI DA TERRA. A partir desta nova lei as terras só poderiam ser obtidas através de compra. Assim, com a dificuldade de obtenção de terras que seriam vendidas por preço muito alto, o trabalhador livre teria que permanecer nas fazendas, substituindo os escravos.
A partir daí o exército brasileiro passa ter como tarefa, destruir os quilombos, as plantações e levar os negros de volta as fazendas dos brancos. O exército exerceu esta tarefa até 25 de outubro de 1887 quando um setor solidário ao povo negro cria uma crise interna no exército e comunica ao Império que não mais admitirá que o exército seja usado para perseguir os negros que derramaram seu sangue defendendo o Brasil na guerra do Paraguai. No detalhe: A lei de terras não foi usada contra os imigrantes europeus.

10) 7º ATO OFICIAL: DECRETO 528 DAS IMIGRAÇÕES EUROPÉIAS (1890) – No poder, o partido Republicano coloca como prioridade a industrialização do pais. A indústria precisava de matéria prima e mão de obra. A matéria prima no Brasil não era problema. Quanto à mão de obra, o povo negro estava aí, disponível para ser treinado e produzir os efeitos esperados. Mas o eurocentrismo ditado pela Eugenia racista das elites brasileiras, falou mais alto, e a mão de obra passou a ser problema quando o governo descobriu que se o negro ocupasse as vagas nas indústrias, iria surgir uma classe média negra poderosa e colocaria em risco o processo de embranquecimento do país. A solução decretada no dia 28 de junho de 1890 foi a reabertura do país às imigrações europeias e definir que negros e asiáticos só poderiam entrar no país com autorização do congresso.”
Texto adaptado do Correio Nago

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